Vejo dois barcos que vem ao longe. Pequenos, deslizam em águas tranquilas. O maior deles, mais colorido, vem tímido. Na proa traz uma carranca assustadora, mas é uma embarcação que flutua leve na água. Não se abala por tormentas ou corredeiras. Navega com tranquilidade e sabedoria desviando obstáculos, conhecendo os caminhos do rio. Sabe calcular a velocidade das águas e onde atracar.
O menor vem seguindo as rotas do irmão. Traz cores alegres e desenhos enigmáticos de dragões a bombordo e estibordo. Cruza o rio com alegria apesar do medo de águas turbulentas. Dos areais passa longe na liberdade que as barrancas permitem. Sabe ler a lua e as estrelas.
Eu sou uma pedra neste rio. Estes barcos são tão próximos que os sinto muito meus. Os reconheço de longe quando vem crescendo nos meus olhos. Chegam faceiros, brincam e atracam no remanso. Sou o ponto seguro onde agora podem amarrar suas cordas. Sei que vão partir, seguir e voltar nos rumos do rio, quem sabe encontrar o mar. Agora só me resta ler seus nomes desenhados no casco: João e Joaquim.
Dois barcos no meu rio by Ronaldo Albé Lucena is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.
que lindo....me emocionei!
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